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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

SUICÍDIO - PARTE II

INTERNET > Entre trolls e anjos da guarda

A internet tem um papel ambivalente quando o assunto é suicídio. Por um lado, ela pode ser a origem dos problemas dos jovens que tiram a própria vida. Um caso bastante comentado no Brasil foi o de Júlia Rebeca, que em 2013 anunciou sua própria morte pelo Twitter depois que um vídeo íntimo seu com outra jovem e um homem foi divulgado no WhatsApp. Rebeca, que morava em Parnaíba, no Piauí, foi encontrada morta enrolada no fio do aparelho de fazer chapinha. Na mesma semana, uma adolescente de 16 anos se suicidou em Veranópolis, no Rio Grande do Sul, depois que um ex-namorado vazou suas fotos íntimas na internet. “Essa exposição provoca uma dor muito grande e, se os jovens não conseguem falar sobre isso com a família ou amigos porque vão sofrer rejeição, eles correm maior risco de entrar em depressão e cometer suicídio”, diz o psiquiatra Humberto Correa.

O bullying online já levou dezenas de jovens ao suicídio e fóruns virtuais oferecem até passo a passo para se matar. Um dos primeiros casos brasileiros de suicídio assistido foi do gaúcho Vinícius Gageiro Marques, que se matou em 2006. Marques foi orientado a usar o método barbecue, ou suicídio por inalação de monóxido de carbono. Ele consiste em manter duas grelhas queimando num local fechado e pequeno, como um banheiro. Marques pediu ajuda num grupo de discussão em inglês para saber como suportar o calor até desmaiar, e um bombeiro aposentado de Chicago lhe deu instruções. Foi uma amiga virtual do Canadá que percebeu o que estava acontecendo, ligou à polícia local e pediu que avisassem as autoridades gaúchas. Era tarde demais.

Por outro lado, nem tudo é tragédia na relação entre web e jovens suicidas. A americana Trisha Prabhu, de 13 anos, criou um projeto para combater o cyberbullying, que a levou a ser finalista na Feira de Ciências do Google realizada neste ano. Trisha criou o “Rethink” (repense, em inglês), um sistema de alerta que exige que as pessoas pensem duas vezes antes de postar algo prejudicial em redes sociais. A ideia surgiu depois que ela resolveu estudar o cérebro dos adolescentes e descobriu que ele não está completamente desenvolvido, o que faz com que os jovens sejam mais impulsivos. Trisha testou o alerta com voluntários e, segundo ela, 93% desistiram de divulgar imagens depois do alerta.

A internet também pode ser um lugar onde se encontra ajuda. “As pessoas sentem que não recebem atenção ou são julgadas. Aí falam conosco e se sentem aliviadas”, disse à GALILEU Adriana Rizzo, voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV), ONG de combate ao suicídio que recebe um milhão de ligações por ano no Brasil. A ONG também atende por e-mail, chat e Skype. Hoje, a internet corresponde a 20% das assistências, a maioria voltada a jovens.


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

SUICÍDIO - PARTE I

 (Foto: Rafael Sica)


Suicídio é um assunto ainda tratado como tabu em nossa sociedade. Para tentar informar e alertar trago nesta postagem, que será particionada para não ficar cansativa a leitura, uma matéria apresentada na Revista Galileu, da editora Globo S/A.

A ERA DA AUTO DESTRUIÇÃO

Os jovens buscam cada vez mais no suicídio uma fuga para seus sofrimentos. Maior acesso a drogas, isolamento e perfeccionismo são algumas das explicações para o crescimento do problema.

"Eu fiz de conta que era um dia normal. Levantei, fui à escola, voltei para casa e subi no telhado do prédio. Meu pé direito já estava no ar. Bem quando ia pular, olhei para cima. Do outro lado da rua, uma família olhava para mim da janela do seu apartamento. Havia essa menininha com o olhar fixo em mim, e ela balançou a cabeça e cobriu o rosto. Por causa dela, não pulei.” Esse é o depoimento de um jovem de 20 anos que chegou à beira do suicídio em 2009 e mudou de ideia. O relato foi postado num tópico no site Reddit sobre os usuários da rede social que tentaram se matar. No início de outubro eram quase 10 mil comentários no tópico, boa parte relatos em primeira pessoa de uma epidemia silenciosa que não para de crescer no Brasil.

Segundo dados do Mapa da Violência 2014, a taxa de suicídio de jovens com idade entre 10 e 14 anos aumentou 40% no país nos últimos 10 anos. Entre os jovens com idade entre 15 e 19 anos, o crescimento foi de 33%. O Brasil é um exemplo de uma tendência que assola o mundo: o suicídio é a principal causa de morte entre jovens em um terço dos países. Por aqui, o suicídio está atrás de homicídios e acidentes de carro, com taxas 4 e 6 vezes maiores de mortes. O problema é que o assunto ainda é um tabu — e características da adolescência, como isolamento e alterações de humor, fazem com que o comportamento suicida muitas vezes passe batido para a família.

“O adolescente não tem uma visão crítica em relação ao prejuízo. Prepotência, despreocupação com o futuro e achar que aquilo não vai dar em nada os deixam vulneráveis”, diz Jair Segal, psiquiatra especialista em comportamento suicida. “Boa parte desses jovens é exposta mais precocemente a substâncias psicoativas, especialmente o álcool, usado para minimizar o sofrimento. E a sociedade está cada vez mais tolerante ao uso de álcool em todas as faixas etárias.”

O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), de 2013, aponta que 36% dos jovens consomem álcool de forma nociva — quatro doses ou mais em até duas horas. É um aumento de três pontos percentuais em relação há três anos, segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade Federal de São Paulo. Quando a bebida é aliada à depressão, doença que afeta quase um terço dos adolescentes, tem-se uma combinação perigosa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é a principal causa de doença e inaptidão de adolescentes no mundo.

Outro fator apontado como uma das causas do aumento nos suicídios é o excesso de aulas, cursos e esportes a que os jovens são submetidos. Trata-se de um estilo de vida que está sendo investigado por psicólogos que relacionam a epidemia ao perfeccionismo. Estudo divulgado no ano passado nos EUA apontou que 70% dos 33 meninos que tiraram a própria vida tinham exigências altas demais. “O adolescente muitas vezes sofre com uma imagem fantasiada dos pais e não tem espaço para ser quem ele é, além de não tolerar a frustração”, diz Karen Scavacini, psicóloga e fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.

Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout é "um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional" (FREUDENBERGER, H. J.).

Hoje em dia, a correria do dia-a-dia não nos deixa tempo para refletirmos sobre nossa saúde, tanto física quanto mental. E, muitas vezes, acabamos percebendo um "mal-estar" físico/mental, mas não sabemos o porquê. 

A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido.

São doze os estágios dessa síndrome:
1. Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz;
2. Dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);

3. Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
4. Recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
5. Reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho;
6. Negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
7. Recolhimento e aversão a reuniões (anti-socialização);
8. Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);
9. Despersonalização (evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc);
10. Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;
11. Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
12. E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.


Se você tirou um tempinho do seu dia para ler esta postagem, aprecie outros momentos de seu dia para procurar momentos de lazer, de descanso. Boa semana!


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O QUE PODEMOS APRENDER QUANDO ESTAMOS NA MERDA

Publicação retirada do site "Entenda os Homens" do Terra. Vale a leitura.

O QUE PODEMOS APRENDER QUANDO ESTAMOS NA MERDA
Shit happens. Merdas acontecem. Contingit stercore, em latim. Nas melhores famílias – e nas piores também. A única diferença é a profundidade e a maciez do monte de merda. Uns dias, a gente pisa e mal suja a sola do chinelo. Outros dias, a única coisa que nos resta fazer é abrir os dedos, mais ou menos naquele espírito do clássico “está no inferno, abraça o capeta”. Afundou o pé na merda, abre os dedinhos e deixa ela te possuir.
Pode parecer loucura – e talvez até seja –, mas a merda tem o seu valor. E uma função social pra lá de nobre. Em primeiro lugar, ela é adubo – ou seja, é uma propulsora da fertilidade. E é justamente por isso que não é de se espantar que as melhores ideias geralmente surjam quando estamos na merda. Em segundo lugar, considerando que toda merda nada mais é do que um ex-prisioneiro agora liberto, apesar de fedida, ela é a representação da esperança e da iniciativa. Se ela está descontente dentro de um intestino qualquer, fará barulho até conseguir sair. E é isso que você, cara pálida, deveria fazer toda vez que se sentisse aprisionado – seja por um trabalho sacal ou por um relacionamento sanguessuga.
Mas é que a gente se julga tão superior que tem certeza de que pode controlar a merda. Esteja ela no intestino, esteja na cabeça. Agora é hora de focar no trabalho, depois eu resolvo essa merda. Agora eu quero descansar, depois eu dou um jeito nessa merda. Agora eu tô me divertindo, depois eu penso nessa merda. Mas de nada adianta maturar a merda. Seja dentro do intestino, seja dentro da cabeça, demorar a colocá-la no mundo só vai fazer o processo ainda mais doloroso. Só vai lhe render ou um par de hemorroidas, ou um par de noites mal dormidas. Só vai lhe fazer morrer de constipação ou morrer de desgosto. Só vai fazê-lo sujar as calças na frente da escola inteira e, então, entender que já é tarde demais.
E aí a gente aprende. Quem está na merda invariavelmente aprende. Cedo ou tarde, voluntária ou involuntariamente. A ser mais humilde. A ser mais sincero. A ser mais solidário. A se preocupar mais consigo mesmo. A ser mais comprometido com a própria felicidade. Não há processo de crescimento que não envolva estar na merda, meu amigo. Dar a volta por cima é arte. Estar na merda faz parte.
Nota da autora, que aprendeu essa historinha com uma amiga do trabalho: Era uma vez um passarinho friorento e perdido num pasto no inverno. Eis que uma vaca passa e caga nele. A princípio, ele fica bravo – afinal, está afundado em merda. Mas quando a merda começa a esquentá-lo, ele fica feliz. Tão feliz a ponto de cantar. É quando o gato descobre o passarinho escondido na merda e o come. Morais da história: nem sempre quem caga em você é seu inimigo. Nem sempre quem te tira da merda é seu amigo.
(Texto de Bruna Grotti)


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS - FREUD (1900)

No livro "A Interpretação dos Sonhos" de 1900, Freud traz relatos de alguns outros pensadores sobre como são os sonhos e o que eles representam. Abaixo selecionei algumas passagens que achei interessante.

"Nos sonhos, a vida cotidiana, com suas dores e seus prazeres, suas alegrias e mágoas, jamais se repete. Pelo contrário, os sonhos têm como objetivo verdadeiro libertar-nos dela. Mesmo quando toda a nossa mente está repleta de algo, quando estamos deliberados por alguma tristeza profunda, ou quando todo o nosso poder intelectual se acha atribuído por algum problema, o sonho nada mais faz do que entrar em sintonia com nosso estado de espírito e representar a realidade em símbolos."

"O conteúdo de um sonho é, invariavelmente, mais ou menos determinado pela personalidade individual daquele que sonha, por sua idade, sexo, classe, padrão de educação e estilo de vida habitual, e pelos fatos e experiências de toda a sua vida pregressa."

"A experiência confirma nossa visão de que sonhamos com maior frequência com as coisas em que se centralizam nossas mais vivas paixões. e isso mostra que nossas paixões devem ter influência na formação dos nossos sonhos. (...) Todos os desejos e aversões sensuais adormecidos no coração podem, se algo os puser em movimento, fazer com que o sonho brote das representações que estão associadas a eles, ou fazer com que essas representações intervenham num sonho já presente."

"Podemos mesmo chegar a dizer que o que quer que os sonhos ofereçam, seu material é retirado da realidade e da vida intelectual que guia em torno dessa realidade... Quaisquer que sejam os estranhos resultados que atinjam, eles nunca podem de fato libertar-se do mundo real, e tanto suas estruturas mais sublimes como também as mais ridículas devem sempre tomar empréstimo seu material básico, seja do que ocorreu perante nossos olhos no mundo dos sentidos, seja do que já encontrou lugar em algum ponto do curso de nossos pensamentos de vigília - em outras palavras, do que já experimentamos, externa e internamente."


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Retomando algumas leituras básicas, (re) li os primeiros capítulos do livro da Judith Beck "Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática" e me deparei com os 10 princípios básicos da TCC. Achei uma interessante postagem para o blog, então aí estão:

1 - A Terapia Cognitivo-Comportamental está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo de problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos.

2 - A Terapia Cognitivo-Comportamental requem uma aliança terapêutica sólida.

3 - A Terapia Cognitivo-Comportamental enfatiza a colaboração e a participação ativa.

4 - A Terapia Cognitivo-Comportamental é orientada para os objetivos e focada nos problemas.

5 - A Terapia Cognitivo-Comportamental enfatiza inicialmente o presente.

6 - A Terapia Cognitivo-Comportamental é educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser o seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção à recaída.

7 - A Terapia Cognitivo-Comportamental visa ser limitada no tempo.

8 - As sessões de Terapia Cognitivo-Comportamental são estruturadas.

9 - A Terapia Cognitivo-Comportamental ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.

10 - A Terapia Cognitivo-Comportamental usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL (parte 2)

Conforme a última postagem, a Inteligência Emocional vem se tornando assunto bastante discutido. Para tal, dando continuidade, seguem os 14 sinais para verificar se você tem ou não IE:

1. Você sente curiosidade sobre pessoas que não conhece.


Você gosta de conhecer novas pessoas e naturalmente tende a fazer muitas perguntas depois de ser apresentado a alguém? 

Nesse caso, tem um certo grau de empatia, um dos principais componentes da IE. 

Pessoas altamente empáticas - as que estão extremamente sintonizadas com as necessidades e os sentimentos dos outros, e agem de uma maneira sensível a essas necessidades - têm uma coisa importante em comum: são muito curiosas sobre estranhos e se interessam genuinamente em saber mais sobre os outros.

Ter curiosidade sobre os outros também é uma maneira de cultivar a empatia.

"A curiosidade expande nossa empatia quando conversamos com pessoas de fora do nosso círculo social habitual, encontrando vidas e visões de mundo muito diferentes das nossas", escreveu Roman Krznaric, autor do livro "Empathy: A Handbook For Revolution" [“Empatia: Um Manual para a Revolução”].

2. Você é um ótimo líder.


Líderes excepcionais costumam ter uma coisa em comum, segundo Goleman. 

Além dos tradicionais requisitos para o sucesso - talento, ética profissional e ambição, por exemplo -, eles possuem um alto grau de inteligência emocional.

Em sua pesquisa comparando os que se saíram extremamente bem em papéis de liderança com aqueles que eram simplesmente medianos, ele descobriu que cerca de 90% da diferença em seus perfis se devia à IE, e não à capacidade cognitiva.

"Quanto mais alta a categoria de uma pessoa considerada um ator excelente, mais capacidades de inteligência emocional apareciam como motivo de sua eficácia", escreveu Goleman.

3. Você conhece suas forças e suas fraquezas.

Um grande fator da autoconsciência é ser honesto consigo mesmo sobre quem você é - saber onde você se sai muito bem e onde você tem dificuldade, e aceitar essas coisas. 

Uma pessoa emocionalmente inteligente aprende a identificar suas áreas de força e de fraqueza e analisa como pode trabalhar com maior eficácia dentro desse quadro. 

Essa consciência gera a autoconfiança, que é um dos principais fatores da IE, segundo Goleman. "Se você sabe em que é realmente eficaz, pode operar a partir dessa confiança", diz ele.

4. Você sabe prestar atenção.


Você é distraído por cada tuíte, mensagem e pensamento que passa por sua cabeça? 

Nesse caso, isso pode estar impedindo que você funcione em seu mais alto nível de inteligência emocional. 

Mas a capacidade de suportar distrações e se concentrar na tarefa a ser feita é um grande segredo da inteligência emocional, diz Goleman. 

Sem estar presente consigo mesmo e com os outros, é difícil desenvolver autoconsciência e relacionamentos fortes. 

"Sua capacidade de se concentrar no trabalho que está fazendo ou na sua tarefa escolar, e deixar para ler aquela mensagem ou jogar aquele videogame quando terminar - seu nível de eficiência nesse aspecto durante a infância vem a ser um fator de previsão mais forte de seu sucesso financeiro quando adulto do que seu QI ou a riqueza de sua família", diz Goleman. "E podemos ensinar as crianças a fazer isso."

5. Quando você está chateado, sabe exatamente por quê.


Todos nós experimentamos uma série de flutuações emocionais ao longo do dia, e muitas vezes nem sequer compreendemos o que está causando uma onda de raiva ou de tristeza. 

Mas um aspecto importante da autoconsciência é a capacidade de reconhecer de onde vêm suas emoções e saber por que você está chateado.

Autoconsciência também se trata de reconhecer as emoções quando elas brotam, em vez de identificá-las mal ou ignorá-las. 

Pessoas emocionalmente inteligentes recuam um passo diante das emoções, examinam o que estão sentindo e o efeito dessa emoção sobre elas.

6. Você se dá bem com a maioria das pessoas.

"Ter relacionamentos satisfatórios e eficazes - esse é um sinal [de inteligência emocional]", diz Goleman.

7. Você se importa profundamente em ser uma pessoa boa e moral.


Um aspecto da IE é nossa "identidade moral", que tem a ver com a extensão em que queremos ver a nós mesmos como pessoas éticas e cuidadosas. 

Se você é uma pessoa que se importa em construir esse lado de si mesma (independentemente de como você atuou em situações morais anteriores), pode ter um alto índice de IE.

8. Você se dá um tempo para desacelerar e ajudar os outros.

Se você criar o hábito de desacelerar para prestar atenção nos outros, seja saindo ligeiramente do seu caminho para cumprimentar alguém ou ajudar uma mulher idosa no metrô, você demonstra inteligência emocional.

Muitas pessoas, uma boa parte do tempo, estão completamente concentradas em si mesmas. E com frequência é porque estamos tão ocupados correndo em um estado de estresse, tentando fazer as coisas, que simplesmente não temos tempo para perceber os outros, quanto menos ajudar.

"[Existe um] espectro que vai da total autoabsorção a perceber e a sentir empatia e compaixão", disse Goleman.

"O simples fato é que se estivermos focados em nós mesmos, se estivermos preocupados - o que muitas vezes estamos durante o dia todo -, realmente não perceberemos totalmente o outro." 

Ser mais atencioso, em contraste com estar absorvido em seu mundinho, planta as sementes da compaixão - um componente crucial da IE.

9. Você é bom em ler as expressões faciais das pessoas.


Ser capaz de sentir como os outros estão se sentindo é uma parte importante de ter uma boa IE. 

10. Depois de cair você se levanta rapidamente.

Como você lida com os erros e reveses diz muito sobre quem você é. Indivíduos com alta IE sabem que se há uma coisa que todos temos de fazer na vida é seguir em frente.

Quando uma pessoa emocionalmente inteligente sofre um fracasso ou revés, ela é capaz de se recuperar rapidamente. 

Isto acontece em parte por causa da capacidade de experimentar com atenção as emoções negativas sem deixar que elas saiam do controle, o que oferece um grau mais alto de resistência.

"A pessoa resistente não fica presa às emoções negativas, mas deixa que elas fiquem lado a lado com outros sentimentos", disse Bárbara Fredrickson.

"Por isso, ao mesmo tempo que elas estão sentindo 'estou triste por causa disso', também tendem a pensar 'mas estou grata por isto'."

11. Você é um bom juiz de caráter.


Você sempre consegue ter a sensação de quem uma pessoa é desde o início - e suas intuições raramente se enganam.

12. Você confia em seu instinto.

Uma pessoa com inteligência emocional é alguém que se sente à vontade seguindo sua intuição, diz Goleman. 

Se você é capaz de confiar em si mesmo e em suas emoções, não há motivo para não escutar aquela voz interior (ou aquela sensação na barriga) que lhe diz que caminho deve seguir.

13. Você sempre foi automotivado.


Você sempre foi ambicioso e trabalhador quando criança, mesmo quando não era recompensado por isso? Se você é uma pessoa atuante e motivada - e consegue focar sua atenção e sua energia para perseguir seus objetivos -, provavelmente tem um alto nível de IE.

14. Você sabe dizer não.

Autorregulação, um dos cinco componentes da inteligência emocional, significa ser capaz de se disciplinar e evitar hábitos insalubres.


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL (Parte 1)

"A vida corre muito mais suavemente se você tiver boa inteligência emocional", disse ao Huffington Post o psicólogo Daniel Goleman. Mesmo autor do livro "Inteligência Emocional", que já mencionei aqui no blog e que está sendo uma ótima leitura.

O que torna algumas pessoas mais bem-sucedidas que outras no trabalho e na vida? QI e ética são importantes, mas não são tudo. Nossa inteligência emocional - o modo como gerenciamos as emoções, tanto as nossas como as dos outros - pode ter um papel crítico para determinar nossa felicidade e nosso sucesso. Platão disse que todo aprendizado tem uma base emocional, e talvez ele tenha razão. O modo como interagimos com nossas emoções e as regulamos tem repercussões em quase todos os aspectos de nossa vida.

Para colocar em termos coloquiais, a inteligência emocional (IE) é como a "sabedoria da rua", em oposição à "sabedoria dos livros", e é responsável por grande parte da capacidade de uma pessoa de navegar com eficiência pela vida. "Quem tem inteligência emocional geralmente é confiante, sabe trabalhar na direção de suas metas, é adaptável e flexível. Você se recupera rapidamente do estresse e é resistente" (Goleman).

Os cinco componentes da IE, como definidos por Goleman, são autoconsciência, autorregulação, motivação, habilidades sociais e empatia. Podemos ser fortes em algumas dessas áreas e deficitários em outras, mas todos temos o poder de melhorar em qualquer uma delas. 

Autoconsciência: Consciência individual de si mesmo. Não há consciência sem autoconsciência.

Autorregulação: Ação ou efeito de se autorregular, regular a si mesmo sem intervenção externa.

Motivação: É o impulso interno que leva à ação.

Habilidades Sociais: um conjunto de comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal que expressa sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos desse indivíduo de modo adequado à situação, respeitando esses comportamentos nos demais, e que geralmente resolve os problemas imediatos da situação enquanto minimizando a probabilidade de futuros problemas.

Empatia: Capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.

Não tem certeza de qual é seu nível de inteligência emocional? 

No próximo post seguirão os 14 sinais que indicam se você tem ou não inteligência emocional. Aguardem!

Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas - LFG

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

TEXTO "A CERCA"

Em uma das aulas que estou dando em um curso de Cuidador de Idosos apliquei uma dinâmica bem interessante, onde o principal objetivo era o Feedback. Ao final da dinâmica pedi que todos sentassem em círculo para ouvir um breve texto para refletirmos. 

Este texto:

Era uma vez um menino que tinha um temperamento muito forte. Seu pai deu-lhe um saco de pregos, dizendo-lhe que, cada vez que ele ficasse furioso, pregasse um prego na cerca do fundo da casa.
No primeiro dia, o garoto pregou 37 pregos, mas gradualmente ele foi se acalmando. Descobriu que era mais fácil “segurar” sem temperamento do que martelar pregos na cerca.
Finalmente chegou o dia em que o garoto não se enfureceu nenhuma vez. Contou ao pai o que havia sucedido, e o pai sugeriu-lhe que, daquele dia em diante, por cada dia que conseguisse segurar seu temperamento, retirasse um dos 37 pregos. Passou o tempo e o garoto finalmente foi dizer ao pai que tinha retirado todos os pregos.
O pai tomou o filho pela mão e levou-o até a cerca, dizendo-lhe: “Você fez muito bem, meu filho, mas a cerca nunca mais será a mesma”.

Quando você está furioso e diz coisas, elas deixam cicatriz, assim como as marcas da cerca. Você pode fincar uma faca em um homem e retirá-la. Não importa quantas vezes você possa dizer “desculpe”, a ferida assim permanecerá. Uma ferida verbal é tão ruim e tão maligna quanto uma ferida física. Amigos são joias muito raras. Eles fazem você sorrir e estimulam você a ter sucesso. Eles emprestam um ouvido amigo, repartem uma palavra de elogio e querem sempre abrir seus corações com você. Mostre a seus amigos o quanto você se importa com eles.

Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas
dudu.metz@hotmail.com

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Para quem gosta de um bom livro, segue uma sugestão. "Inteligência Emocional" de Daniel Goleman.
Segue um trecho, das páginas iniciais...

(...) pesquisadores estão descobrindo detalhes fisiológicos que permitem na verificação de como diferentes tipos de emoção preparam o corpo para diferentes tipos de resposta:

- Na raiva, o sangue flui para as mãos, tornando sacar da arma ou golpear o inimigo; os batimentos cardíacos aceleram-se e uma onda de hormônios, a adrenalina, entre outros, gera uma pulsação, energia suficientemente forte para uma atuação vigorosa.
- No medo, o sangue corre para os músculos do esqueleto, como os das pernas, facilitando a fuga; o rosto fica lívido, já que o sangue lhe é subtraído (daí dizer-se que alguém ficou "gélido"). Ao mesmo tempo, o corpo imobiliza-se, ainda que por um breve momento, talvez para permitir que a pessoa considere a possibilidade de, em vez de agir, fugir e se esconder. Circuitos existentes nos centros emocionais do cérebro disparam a torrente de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A atenção se fixa na ameaça imediata, para melhor calcular a resposta a ser dada.
- A sensação de felicidade causa uma das principais alterações biológicas. A atividade do centro cerebral é incrementada, o que inibe os sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente, silenciando aqueles que geram pensamentos de preocupação. Mas não ocorre nenhuma mudança particular na fisiologia, a não aer uma tranquilidade, que faz com que o corpo se recupere rapidamente do estímulo causado por emoções perturbadoras. Essa condição dá ao corpo um total relaxamento, assim como disposição e entusiasmo para a execução de qualquer tarefa que surja e para seguir em direção a uma grande variedade de metas.
- O amor, os sentimentos de afeição e a satisfação sexual implicam estimulação parassimpática, o que se constitui no oposto fisiológico que mobiliza para "lutar-ou-fugir" que ocorre quando o sentimento é de medo ou ira. O padrão parassimpático, chamado de "resposta de relaxamento" é um conjunto de reações que percorre todo o corpo, provocando um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação.
- O erguer das sobrancelhas, na surpresa, proporciona uma varredura visual mais ampla, e também mais luz para a retina. Isso permite que obtenhamos mais informação sobre um acontecimento que se deu de forma inesperada, tornando mais fácil perceber exatamente o que está acontecendo e conceber o melhor plano de ação. 
- Em todo o mundo, a expressão de repugnância se assemelha e envia a mesma mensagem: alguma coisa desagradou aobgosto ou ao olfato, real ou metaforicamente. A expressão facial de repugnância - o lábio superior se retorcendo para o lado e o nariz se enrugando ligeirente - sugere, como observou Darwin, uma tentativa primeva de tapar as narinas para evitar um odor ou cuspir fora uma comida estragada.
- Uma das principais funções da tristeza é a de propiciar um ajustamento a uma grande perda, como a morte de alguém ou uma decepção significativa. A tristeza acarreta uma perda de energia e de entusiasmo pelas atividades da vida, em particular por diversões e prazeres. Quando a tristeza é profunda, aproximando da depressão, a velocidade metabólica do corpo fica reduzida. Esse retraimento introspectivo cria a oportunidade para que seja lamentada uma perda ou frustração, para captar suas consequências para a vida e para planejar um recomeço quando a energia retorna. É possível que essa perda de energia tenha tido como objetivo manter os seres humanos vulneráveis em estado de tristeza para que permanecessem perto de casa, onde estariam em maior segurança. 

Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

DE GÊNIO E LOUCO...

Os transtornos mentais afetam muito mais pessoas do que se imagina. Muitas dessas pessoas vivem seu dia-a-dia normalmente, adaptando-se ao seu meio. Dentre elas, alguns famosos, gênios em suas áreas de atuação, citados abaixo:


Isaac Newton foi um dos maiores gênios de todos os tempos. Ele inventou o cálculo, desenvolveu a Lei da Gravidade e construiu o primeiro telescópio refletor. Mas, apesar do brilhantismo, era conhecido por seus transtornos mentais. Newton era uma pessoa de difícil convivência e apresentava mudanças drásticas de humor. Alguns autores sugerem que ele tinha transtorno bipolar e esquizofrenia.




Abraham Lincoln é conhecido por seus grandes feitos como presidente dos Estados Unidos. Mas apesar do sucesso, ele era descrito como um indivíduo de tendências melancólicas. Tinha crises profundas de depressão e ficava debilitado com frequência. Alguns autores afirmam que Lincoln tentou cometer suicídio.


O famoso compositor Ludwig Van Beethoven tinha transtorno bipolar, de acordo com autores. Quando jovem, sofreu muito com o pai - que o agredia fisicamente e o pressionava a estudar música. As surras constantes contribuíram para que ele perdesse a audição. Beethoven tinha períodos de grande excitação e energia , seguidos de momentos de extrema depressão. Para se ver livre das crises, usava drogas e álcool.


De acordo com alguns autores, o escritor Edgar Allan Poe, famoso por suas histórias de terror, sofria de transtorno bipolar. Ele bebia muito e certa vez escreveu uma carta descrevendo seus pensamentos suicidas.




John Nash, o matemático que inspirou o filme 'Uma Mente Brilhante' e ganhador do Nobel de Economia, tem esquizofrenia paranoide. Ele já passou por vários hospitais psiquiátricos, sempre contra sua vontade, nos quais recebeu tratamentos com drogas antipsicóticas e injeções de insulina (que provocam períodos de coma). Gradualmente, Nash se recupera e eventualmente dá aulas de matemática na Universidade de Princeton.


Vincent van Gogh, famoso por quadros como 'A Noite Estrelada' e 'A Cadeira de Van Gogh', sofria de transtornos mentais. Além disso, de tanto beber absinto, ele adquiriu uma lesão no cérebro que causava ataques epilépticos. Certa vez, devido a uma crise, decepou sua própria orelha esquerda. Alguns autores afirmam que ele poderia ter transtorno bipolar, pois tinha variações constantes de humor. Suicidou-se aos 37 anos de idade.


Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas - LFG













sexta-feira, 8 de agosto de 2014

LIBERDADE

Bom dia! Boa sexta-feira! Dando aquela olhada no Facebook passo por esta postagem de um amigo, colega de profissão e ex-colega de trabalho. Apreciem, pois é uma ótima reflexão.

Somos seres libertos em um universo social?
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A definição de liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional; (Aqui já me pergunto, não seria mais lógico, sermos libertos pelas emoções ao invés das razões?
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Ser livre significa agir de acordo com sua natureza (Spinoza)
A ação humana não é absolutamente livre (Schopenhauer).
A liberdade humana revela-se na angústia. A responsabilidade de suas escolhas é tão opressiva que o faz mentir para si mesmo através de condutas e ideologias que o isentem da responsabilidade sobre as próprias decisões. (Sartre)
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Em meio a idéias, as vezes verbalizo para as pessoas:
EXISTEM LIBERDADES QUE SERVEM COMO VERDADEIRAS PRISÕES, BEM COMO PRISÕES QUE SERVEM COMO VERDADEIRAS LIBERDADES. 
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Gosto da ideia de universos particulares, não necessariamente solitários, mas regidos pelos sentimentos e natureza do ser. Para isso, há de se criar, escolher, vivenciar, equilibrar estes universos do ser X universos do social, razão X emoção, pressão X desligamento. Nos moldes que as regras e definições de condutas aceitáveis e normais andam, gosto de enfatizar que justamente, estes universos paralelos na forma de agir e pensar, sejam verdadeiros sinais de ‘IN’sanidade.... gosto disso 
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Em vez de nos preocuparmos com o significado dos termos muitas vezes, o mais fundamental é conhecer o significado das essências e de suas vertentes e formas de procurar fazer-se respirar, buscando nada mais, nada menos, do que o que se tem como natureza humana.
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Codo já dizia: O bicho homem é bom, o homem social e aprendido, é parcialmente corrompido.

Texto de Carlos Eduardo Seixas

Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas

quinta-feira, 31 de julho de 2014

ENTREVISTA COM CONTARDO CALLIGARIS

Hoje o texto do Blog traz uma entrevista de um ótimo profissional da área de Psicologia. Contardo Calligaris responde à revista MdeMulher algumas perguntas sobre a Felicidade. Vale a pena a leitura e a reflexão.


Contardo Calligaris: 'Não quero ser feliz. Quero é ter uma vida interessante'.
Psicanalista defende que deveríamos nos preocupar em tornar interessante nossa vida de todo dia. Isso implica ter curiosidade, aventurar-se, arriscar mais, lamentar menos e não se proteger das inevitáveis tristezas.


Mais do que buscar permanentemente felicidade máxima, um arrebatamento mágico, deveríamos nos preocupar em tornar interessante nossa vida de todo dia.

É o que defende o doutor em psicologia clínica e psicanalista Contardo Calligaris. Uma rápida olhada em sua biografia mostra que ele não só prega como pratica. Italiano de Milão, depois de mais de duas décadas em conexão direta com o Brasil, já morou também na Inglaterra, Suíça, França e nos Estados Unidos e fez muitas viagens.

Aos 65 anos, atingiu a marca de oito casamentos - desde 2011, está com a atriz Mônica Torres - e teve um filho francês. Além de atender no seu consultório, nos Jardins, em São Paulo, já escreveu mais de dez livros, incluindo dois romances.

Criou até uma série para TV, Psi, no canal a cabo HBO. Diz que, semanalmente, abre mão de "parecer inteligente aos olhos dos pares" e publica toda quinta-feira uma coluna no jornal Folha de S.Paulo. Mais de 100 delas estão no livro Todos os Reis Estão Nus (Três Estrelas). Filmes, fatos, casos de amigos, tudo vira pretexto para traduzir um pouco das teorias da psicanálise, filosofar e provocar reflexão. "Não sou de dourar a pílula", avisa. Não estranhe, portanto, se sentir um impulso diferente ao terminar de ler esta entrevista.

O que é felicidade hoje?

Não gosto muito da palavra felicidade, para dizer a verdade. Acho que é, inclusive, uma ilusão mercadológica. O que a gente pode estudar são as condições do bem-estar. A sensação de competência no exercício do trabalho, já se sabe, é a maior fonte de bem-estar, mais que a remuneração. Nós temos um ideal de felicidade um pouco ridículo.

Um exemplo é a fala do churrasco. Você pega um táxi domingo ao meio-dia para ir ao escritório e o taxista diz: "Ah, estamos aqui trabalhando, mas legal seria estar num churrasco tomando cerveja". Talvez você ou o taxista sofram de úlcera, e não haveria prazer em tomar cerveja. Nem em comer picanha.

Mesmo que não vissem problema, pode ser que detestassem as pessoas lá e não se divertissem. Em geral, somos péssimos em matéria de prazer. Por exemplo, estamos sempre lamentando que nossos filhos seriam uma geração hedonista, dedicada a prazeres imediatos, quando, de fato, vivemos numa civilização muito pouco hedonista. Por isso, nos queixamos de excessos e nos permitimos prazeres medíocres ou muito discretos.

Mas continuamos acreditando que ser feliz é ter esses prazeres que não nos permitimos. E agora?

Ligamos felicidade à satisfação de desejos, o que é totalmente antinômico com o próprio funcionamento da nossa cultura, fundada na insatisfação. Nenhum objeto pode nos satisfazer plenamente.

O fato de que você pode desejar muito um homem, uma mulher, um carro, um relógio, uma joia ou uma viagem não tem relevância. No dia em que você tiver aquele homem, aquela mulher, aquele carro, aquele relógio, aquela joia ou aquela viagem, se dará conta de que está na hora de desejar outra coisa. Esse mecanismo sustenta ao mesmo tempo um sistema econômico, o capitalismo moderno, e o nosso desejo, que não se esgota nunca. Então, costumo dizer que não quero ser feliz.. Quero é ter uma vida interessante.

Mas isso inclui os pequenos prazeres?

Inclui pequenos prazeres, mas também grandes dores. Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso pressupõe poder se desesperar quando se fica sem alguma coisa que é muito importante para você. É preciso sentir plenamente as dores: das perdas, do luto, do fracasso. Eu acho um tremendo desastre esse ideal de felicidade que tenta nos poupar de tudo o que é ruim.

O que adianta garantir uma vida longa se não for para vivê-la de verdade? É isso que temos de nos perguntar?

Quem descreveu isso bem foi (o escritor italiano) Dino Buzatti, no romance O Deserto dos Tártaros. Conta a história de um militar que passa a vida inteira em um posto avançado diante do deserto na expectativa de defender o país contra a invasão dos tártaros, que nunca chegam. Mas tem um lado simpático na ideologia do preparo. É que está subentendida a ideia de que um dia a pessoa viverá uma grande aventura. Mas o que acontece, em geral, é que a preparação é a única coisa a que a gente se autoriza.

Então, pelo menos há um desejo de viver uma aventura?

Mas os sonhos estão pequenos. A noção de felicidade hoje é um emprego seguro, um futuro tranquilo, saúde e, como diz a música dos aniversários, muitos anos de vida. Acho estranho quando vejo alguém de 18 anos que, ao fazer a escolha profissional, leva em conta o mercado de trabalho, as oportunidades, o dinheiro... Isso nem passaria pela cabeça de um jovem dos anos 1960.

A julgar pela quantidade de fotos colocadas nas redes sociais de pessoas sorridentes, elas têm aproveitado a vida e se sentem felizes. Ou, como você aborda em uma crônica, hoje mais importante do que ser é parecer feliz?

O perfil é a sua apresentação para o mundo, o que implica um certo trabalho de falsificação da sua imagem e até autoimagem. Nas redes sociais, a felicidade dá status. Mas esse fenômeno é anterior ao Facebook. Se você olhar as fotografias de família do final do século 19, início do 20, todo mundo colocava a melhor roupa e posava seriíssimo. Ninguém estava lá para mostrar que era feliz. Ao contrário, era um momento solene. É a partir da câmera fotográfica portátil que aparecem as fotos das férias felizes, com todo mundo sempre sorridente.

E a gente olha para elas e pensa: "Eu era feliz e não sabia".

Não gosto dessa frase porque contém uma cota de lamentação. E acho que a gente nunca deveria lamentar nada, em particular as próprias decisões. Acredito que, no fundo, a gente quase sempre toma a única decisão que poderia tomar naquelas circunstâncias. Então, não vale a pena lamentar o passado. Mas é verdade que existe isso.

As escolhas ao longo da vida geram insegurança e medo. Em relação a isso, você diz que há dois tipos de pessoa: os "maximizadores", que querem ter certeza antes de que aquela é a opção certa, e a turma do "suficientemente bom". O segundo grupo sofre menos?

Tem uma coisa interessante no "maximizador": é como se ele acreditasse que existe o objeto mais adequado de todos, aquele que é perfeito. Mas é claro que não existe.

A busca da perfeição não gera frustração, pois sempre haverá algo que a gente perdeu?

Freud dizia que o único objeto verdadeiramente insubstituível para a gente é o perdido. E não é que foi perdido porque caiu do bolso. Ele fala daquilo que nunca tivemos. Então, faz sentido que nossa relação com o desejo seja esta: imaginamos existir algo que nunca tivemos, mas que teria nos satisfeito totalmente. Só não sabemos o que é.

Como nos livrar desse sentimento?

Temos de tornar cada uma de nossas escolhas interessante. Isso só é possível quando temos simpatia pela vida e pelos outros - o que parece básico, mas não é no mundo de hoje. Não por acaso, o grande espantalho do nosso século é a depressão. A falta de interesse pelo mundo e pelos outros é o que pode nos acontecer de pior.

Complica ainda mais o fato de, como você já abordou, enfrentarmos um dilema eterno: desejamos a estabilidade e também a aventura. Então, entramos em uma relação ou um emprego, mas sofremos porque nos sentimos presos e achamos que estamos deixando de viver grandes aventuras. Isso tem solução?

Não sei se tem solução. A gente vive mesmo eternamente nesse conflito. Agora, como cada um o administra é outra história. Pode-se optar por uma espécie de inércia constante, que será sempre acompanhada da sensação de que você está realmente desperdiçando seu tempo e sua vida, porque toda a aventura está acontecendo lá fora e, a cada instante, você está perdendo os cavalos encilhados que passam e não passarão nunca mais. Viver dessa maneira não é uma das opções. Mas você pode também, em vez disso, permitir se perder.

Permitir se perder no sentido de transformar a vida em uma eterna aventura?

Mas também nesse caso você terá coisas a lamentar. Eu, pessoalmente, fui mais por esse caminho. Mas o preço foi muito alto. Por exemplo, eu não estive presente na morte de nenhum dos meus entes próximos, porque morava em outro país e sempre chegava atrasado, no avião do dia seguinte. Hoje, por sorte, meu filho - que é grande, tem 30 anos - vive perto de mim. Por acaso, ele decidiu vir para o Brasil. Mas não o vi crescer realmente.

Para ser feliz, enfim, o segredo é não buscar a felicidade?

Isso eu acho uma excelente ideia. A felicidade, em si, é realmente uma preocupação desnecessária. Se meu filho dissesse "quero ser feliz", eu me preocuparia seriamente.

Preferia que dissesse o quê?

Só gostaria que ele me dissesse: "Estou a fim de..." A partir disso, qualquer coisa é válida. O que angustia é ver falta de desejo nas pessoas, em particular nos jovens. Agora, se ele está a fim de algo, mesmo que isso pareça muito distante do campo do possível dentro da vida que leva, eu acho ótimo.

Eduardo S. Metz
Psicólogo - CRP 07/19.385
Especialista em Gestão de Pessoas